terça-feira, 7 de maio de 2013

Pierre Lévy - O que é o virtual?


     No seu livro ”O que é o Virtual?”, Pierre Lévy aborda as consequências que a virtualização gera na sociedade. Ao mesmo tempo explica uma série de conceitos como o conceito de virtual. Aqui ficam alguns dos tópicos centrais do texto abordados em aula.

  • Virtual não é o contrário de real, é uma realidade que parece não ter existência, mas que tem potencialidade para se concretizar. Remete a um espaço que não se assume como real. O real já é tudo aquilo que se pode afirmar como existência. Dizer que algo existe é dizer que esse algo se manifesta num determinado lugar, está colocado no exterior. Apenas se diz que é real àquilo que se pode afirmar que existe, que está no exterior e que tem uma certa autonomia.
  • A realidade pertence ao domínio da temporalidade. O real está em acto e é actual. O virtual como já referido tem por definição essa possibilidade de se tornar real/actual. A tese de Lévy sustenta que o possível se caracteriza por ser um conjunto de possibilidades pré-determinadas, a que falta existência. Pode-se dar o exemplo de uma semente de uma árvore, a árvore está lá, mas não a vimos, na realidade essa árvore não tem existência e pode nem vir a nascer. Segundo o autor, no caso do virtual este é mediado ou potenciado pelas tecnologias, sendo produto de exteriorização de construções mentais em espaços de interacção cibernética. 
  • As coisas reais afirmam três formas: - potência/possibilidade, o que o objecto pode ser sem que implique uma contradição com a actualidade em que ela vive; - actualidade - o aqui e agora – é aquilo em que determinado momento tem uma determinação. Aquilo que enquanto existe, existe da forma que mostra; virtualização – potencialidade iminente (prestes a acontecer). 
  • O virtual serve como uma maneira de pensar nas possibilidades a longo prazo. O movimento de virtualização é uma problematização (actualizar é resolver o problema). Virtualizar são as iminentes possibilidades do acto. São as tecnologias que nos dão visibilidade de todas as virtualidades. Os instrumentos tornam as iminências muito mais actualizadas. 
  • Segundo o autor a virtualização afecta os corpos, a economia, a sensibilidade e a inteligência das pessoas. 
  • À medida que as máquinas virtualizam por nós, perdemos a capacidade de problematizar. Quando virtualizamos/problematizamos, pensamos nas possibilidades imediatas do objecto, o que implica fazer uma avaliação. A virtualização contrapõe-se ao real, o virtual pode ter consequências do real. 
  • O impossível implica uma contradição ao estado actual do objecto. Os objectos impossíveis existem como pensamentos. Objecto que não pode ter existência, pensa-se mentalmente e age como real, como o caso de Deus. Afirmamos a existência mental de Deus, nunca uma existência em acto, não a podemos mostrar. No actual a sua existência só pode ser descrita mentalmente. 
  • A ideia de virtual enquanto potência pode remeter para a ilusão, mas Pierre Lévy sublinha que este elemento não se situa no domínio do onírico: a virtualização é um dos principais vectores de criação da realidade. Neste sentido, o virtual existe e produz efeitos.

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