terça-feira, 7 de maio de 2013

Michel Foucault- "Espaços Outros"

Em aula foi apresentado e discutido o texto "Espaços Outros" e, por este motivo, é importante desenvolver, sumariamente, as ideias-chave expressas.


  • No século XIX o grande assombro foi a história (organização sequencial os acontecimentos). Foi no 2º princípio da termodinâmica que o século XIX encontrou o essencial dos seus recursos mitológicos.
  • Foucault enuncia que se está na época do próximo e do longínquo, do disperso. Vive-se um momento em que o mundo se experimenta menos como uma grande vida que se desenrolava através do tempo, do que como uma rede que liga pontos.
  • É introduzido o conceito de estruturalismo - É o esforço para estabelecer, entre elementos que podem ser repartidos através do tempo, um conjunto de relações que os faz aparecer como opostos, como uma espécie de configuração, uma maneira de tratar aquilo a que se chama tempo e aquilo a que se chama história. É uma aproximação teórica da explicação do real.
  • Relativamente ao espaço, refere que o espaço que aparece hoje não é uma inovação. Na Idade Média era um conjunto hierarquizado de lugares; lugares sagrados e lugares profanos; lugares protegidos e abertos...
  • Espaço de localização - constituído por cruzamento de lugares, ou seja, existiam lugares onde as coisas se encontravam porque tinham sido descolocadas e também lugares onde as coisas encontravam a sua colocação.
Este termo surgiu com Galileu, uma vez que o grande escândalo da sua obra foi ter constituído um espaço infinito e aberto, o lugar de algo não era mais do que um ponto no seu movimento, tal como o seu repouso era o seu movimento abrandado.

Ou seja, a partir do século XVII, a extensão (espaço aberto) substitui-se à localização. Nos dias de hoje, a colocação (definida pela relações de vizinhança entre pontos ou elementos) substitui-se à extensão.

  • Existe um problema do lugar ou da colocação, que é posto em análise em termos demográficos. No entanto, não  se resume apenas à questão de saber  se há espaço suficiente no mundo para o homem, mas também saber que relações de vizinhança, que tipo de armazenamento dos elementos humanos devem ser escolhidos numa particular situação para chegar a um fim -> Posto isto, pode concluir-se que se vive numa época em que o espaço se oferece sob a forma de relações de colocação.
  • Espaço de fora - é um espaço heterogéneo; vive-se no interior de um conjunto de relações que definem colocações. Podem distinguir-se diferentes colocações. Colocação de paragem provisória, café, cinema, praia; colocação de repouso, casa, quarto.
  • Para Foucault, importam as colocações que estão em relação com todas as outras e contradizem todas as outras colocações. São de dois tipos (entre eles haverá uma experiência mista, que seria o espelho):
Utopia --> são colocações sem lugar real; mantêm com o espaço real da sociedade uma relação geral de analogia directa ou invertida. São espaços essencialmente irreais. Descrevem espaços onde o homem vive na máxima perfeição.

Heterotopia --> lugares reais; são uma espécie de contracolocações de utopias realizadas nas quais as colocações reais. As relações entre os seres humanos estão designadas a um espaço. Ex: cemitérios, hospitais psiquiátricos...

Podem classificar-se em dois tipos:
Heterotopias de crise: têm lugar nas sociedades "primitivas"; há lugares privilegiados ou sagrados, reservados a indivíduos que se encontram em estado de crise. Ex: adolescentes, idosos.
Heterotopias de desvio: englobam os indivíduos cujo comportamento é desviante em relação à norma exigida. Ex: prisões.

As heterotopias possuem em relação ao restante espaço uma função que se desdobra entre dois pólos distintos: o seu papel é o de criar um espaço de ilusão que denuncia todo o espaço real; ou então criar um outro espaço real, que seria a heterotopia de compensação.

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